Entre os teus lábios é
que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.
No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.
Eugénio de Andrade
terça-feira, outubro 03, 2006
segunda-feira, outubro 02, 2006
MENINA DA RUA

Andou perdida no mundo
Chorou no ombro da solidão,
Apaixonou-se pela lua
E a tristeza deu-lhe a mão.
Passou ás portas do inferno,
Passou ás portas do céu
Andou perdida nas trevas
Em noites escuras como bréu.
Pedia desejos ás estrelas
Fazia declarações á lua
Brincava com o sol
Esta menina da rua.
Filha do sonho da gente
Filha do mal e do bem
Ela é tudo o que o mundo sente
Ela é tudo o que o mundo tem.
Subscrever:
Mensagens (Atom)