quinta-feira, novembro 02, 2006

ALMA FRÁGIL



Quero viver um momento
Da noite ao mal frescor
E entre os suspiros do vento
Morrer contigo de amor

Quero tremer e sentir
Quero viver de esperança
Quero sonhar e dormir
Quero apagar a lembrança

Se me ponho a cismar em outras eras
Parece-me que foi numa outra vida
Que dantes tinha o rir das primaveras
Em que ri e cantei, em que era querida

Minha alma é frágil como o sonho de um momento
Soturna como preces de agonia
Como soluços trágicos do vento
É magoada, é pálida e sombria...

FF

terça-feira, outubro 31, 2006

ESPÍRITO SERENO



Tu, que dormes, espírito sereno
Como um levita á sombra dos altares
Acorda! É tempo! O sol já vai alto e pleno
Posto à sombra dos credos seculares

Escuto em sonhos, quando a sombra desce
Da noite nas fantásticas estradas
Esse novo corcel, cujas passadas
E, passando a galope, me aparece

Um cavaleiro de expressão potente
E o corcel negro diz: " eu sou a morte"
Cavalga a fera estranha sem temor
Formidável, mas plácido, no porte

Numa espiral, de estranhas contorções,
Como um bando levado pelos ventos
No meu sonho desfilam as visões
Espectros dos meus próprios pensamentos.

FF

segunda-feira, outubro 30, 2006

SENTIMENTOS DISPERSOS



Nem um poema, nem um verso nem um canto
Nada a não ser este silêncio tenso
Tudo raso de ausência, tudo liso de espanto
Que faz do amor sozinho...o amor imenso!

A grande solidão que de ti espero
Que hoje te aspiro, embalo, gemo e canto
A voz com que te chamo é o desencanto
E o espermen que te dou, o desespero

Antes viver do que morrer no pasmo
Do nada que nos surge e nos devora
Antes sofrer a raiva e o sarcasmo
Do que desistir e ir embora...

Sonhar um verso de alto pensamento
São assim... ocos, rudes os meus versos
É frágil, como o sonho de um momento
Palavras vãs e sentimentos dispersos

FF