sexta-feira, setembro 22, 2006

MENDIGO

Na escura noite
Um vulto
Por detrás das rugas de seus olhos
Uma luz...
Uma luz quase apagada
Com um brilho baço
Que implorava compaixão.
Lentamente,
Enquanto coxeava
Estendia a sua mão e pedia,
Pedia,por amor de Deus,
Uma esmola.
A noite chorava
Molhando com suas lágrimas frias
Os trapos esfarrapados
Que serviam de vestes aquele homem
Que mesmo sem forças,
Já caído no chão
Ainda estendia a sua mão
E pedia,
Pedia por amor de Deus
Uma esmola.
A multidão passava, apressada
Ignorando e quase pisando
Aquele corpo molhado,
sem ouvirem aquela voz rouca,
sem se aperceberem
Que por detrás das rugas de seus olhos
Havia um brilho baço
Que lentamente
Se apagava para sempre

FF

2 comentários:

Angela disse...

Muitas vezes, fechamos os olhos àquilo que não queremos ver, porque é inconveniente, desconfortável...
Muitas vezes, passamos a nossa vida a correr, não lhe prestando a devida atenção... quanto mais olhar para o Outro...

Este teu poema é muito tocante.

Beijinhos.

Anónimo disse...

Adorei o teu poema... faz-nos pensar, porque a maioria das vezes nem sequer olhamos para o lado...
Beijinhos